Não é uma surpresa, mas se fosse há uns anos, tinha deixado muitos perplexos. Angola anuncia saída da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), após ter estado nesta organização durante 17 anos.
A informação foi transmitida pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, à margem de uma reunião ordinária do Conselho de Ministros.
“Angola sempre cumpriu com as suas obrigações e lutou o tempo todo para ver a OPEP se modernizar, ajudar os seus membros a obter vantagens. Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair”, mencionou Diamantino Azevedo. Lembrou também que o país entrou em 2006 voluntariamente e sai agora também voluntariamente. Esta não é uma decisão irrefletida, intempestiva, acrescentou o ministro.
As relações entre a OPEP vinham-se degradando nos últimos tempos. A gota de água surgiu após a organização ter atribuído uma quota de produção a Angola de 1,110 milhões de barris por dia, o que levou o executivo angolano a prometer bater com a porta e ameaçando que iria ultrapassar esses máximos. O país pedia 1,180 milhões de barris/dia.
O que levou o país a tomar esta decisão tão drástica? Podem-se apontar vários motivos, todavia há duas que saltam logo à vista, levando em consideração as últimas decisões estratégicas tomadas pelo governo.
Uma prende-se com a aproximação entre Angola e os Estados Unidos da América (EUA). Sendo os norte americanos os maiores produtores do planeta, continuando a ser a potência número um do mundo, e tendo a OPEP sido formada em parte como uma reação ao domínio ocidental, é de certa forma compreensível a tomada de decisão do governo angolano.
A outra razão está ligada à tomada de consciência da parte dos governantes que o petróleo não é eterno; a dependência excessiva do petróleo como fonte de receita tornou a economia angolana vulnerável às flutuações dos preços globais do petróleo. E Angola está paulatinamente a acordar para outras potencialidades, tais como outras fontes de energia que pode explorar.
