Desde a independência que estes dois países, apesar de partilharem um passado comum, não tinham desenvolvido uma relação comercial muito intensa. Contudo, este cenário parece estar a mudar e as perspetivas que se avizinham são mais otimistas.

O principal motor dessa mudança foi gerado em meados do mês passado, quando no âmbito do estreitamento das relações comerciais e impulsionamento do crescimento económico dos dois países, foi lançada a Câmara de Comércio e Indústria Angola-Moçambique (CCIAM), cujo principal objetivo passa por impulsionar o comércio e investimentos bilaterais.

De acordo com a presidente da CCIAM, Célia Cipriano, existe o interesse por parte de empresários angolanos do sector do oil & gas em participar nos projetos de exploração de gás natural em Moçambique, que conta com as maiores reservas da África Subsariana. Além disso, a presidente salientou que várias empresas angolanas deste sector pretendem contar com o suporte e apoio da câmara na materialização dos objetivos, que podem impulsionar e revolucionar toda a estrutura da economia moçambicana nos próximos anos.

Este pode ser o momento de viragem no comércio entre os dois países, que até à data tem sido praticamente irrelevante. Presentemente, a balança comercial é favorável a Angola. Segundo dados do Ministério das Finanças, as exportações para Moçambique são sobretudo, combustível para aviões, Jet A1. Para se ter uma ideia da insignificância das trocas comerciais, basta observar os números de 2022, onde as trocas comerciais se cifraram apenas em 16,1 milhões USD com a balança comercial a favorecer Angola, que exportou combustível em torno de 11,5 milhões USD, tendo importado de Moçambique máquinas e equipamentos no valor de 4,6 milhões USD.

A CCIAM pretende mudar este contexto comercial dos dois países. Uma das medidas para tal, vai ser a realização já em 2024 de um fórum económico em Luanda, que tem como principal objetivo trazer à capital inúmeros empresários moçambicanos de diferentes sectores, além da participação de empresas angolanas e de outros países. “O que pretendemos com o evento é chamar a atenção dos empresários, não só dos dois países, no sentido de investirem em Angola e em Moçambique, explorando as potencialidades de cada um deles”, destacou Célia Cipriano.

Recentemente, um estudo sobre o comércio em África realizado pelo Standard Bank , colocou Moçambique como o terceiro país mais atrativo para a atividade comercial em África. Este estudo revelado pela instituição bancária e que já vai na sua terceira edição, destacou em Moçambique uma franca melhoria, impulsionada pela melhoria do índice de confiança das empresas moçambicanas, aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e dos fluxos líquidos de Investimento Direto Estrangeiro, que recuperaram dos efeitos da pandemia, bem como o aumento das exportações em percentagem do PIB.