A visita de Lula da Silva a Angola alcançou aquilo que era ambicionado: um relançamento das relações de cooperação entre os dois países. O Presidente do Brasil afirmou que o seu país nunca deveria ter saído do continente africano e que há muita coisa por fazer e explorar. Esta linha de raciocínio foi proferida no 1º Fórum Económico Angola/Brasil, que juntou 500 empresários, dos quais 170 eram brasileiros.

Angola e Brasil celebraram um conjunto de acordos de cooperação, onde se destaca a vertente agrícola, a saúde, a educação e o turismo sustentável. Segundo as palavras do Presidente brasileiro, Angola será a partir de agora, e após um sofrível afastamento dos dois países no período do governo Bolsonaro, a porta de entrada para África.

Lula vinha com a lição bem estudada sobre as questões que estão a ser “amparadas” pelo organismo internacional que defende o conceito de Sul global (termo usado para designar países em desenvolvimento) e que foi bastante discutido na última reunião dos BRICS.

Lula Inácio da Silva, para além de ter lançado novamente farpas ao Conselho de Segurança da ONU sobre matérias de defesa, veio, na linha daquilo que o Presidente João Lourenço advoga, defender a diversificação económica, não esquecendo obviamente o potencial que existe em Angola. Para isso, a transferência de tecnologia entre os dois países revela-se cada vez mais importante, principalmente no campo dos recursos naturais e na agropecuária.

A troca de experiências e a promessa de ajuda por parte do Brasil ficaram bem vincadas nos discursos de Lula. “Nós temos interesse em trocar com Angola todas as experiências das nossas políticas de inclusão social, levando em conta a realidade de cada país”, disse.

O Presidente brasileiro também aproveitou para criticar o papel que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem desempenhado, sugerindo que a organização converta a dívida dos países africanos em obras de infraestrutura para fomentar o desenvolvimento do continente. Segundo Lula, o débito total das nações com o FMI é superior a 800 biliões de dólares e esse valor torna-se impraticável para ser pago. Assim, os países ricos poderiam abrir mão do dinheiro para financiar obras públicas que coloquem África no chamado Sul global.

Antes da partida de Lula para São Tomé e Príncipe para participar da 14.ª cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ficámos a saber que o Brasil vai criar um consulado geral em Luanda, o primeiro num país africano lusófono, para estreitamento das relações com Angola, onde vivem quase 30.000 brasileiros.

No final das contas, o Presidente do Brasil atribuiu nota 10 à visita que realizou. Esperemos que essa nota se traduza no futuro em reais progressos para o país.