Angola continua a enfrentar as consequências da sua excessiva dependência do petróleo. A Oxford Economics, uma das mais reputadas consultoras internacionais, reviu drasticamente em baixa a previsão de crescimento económico do país para 2025, passando de 2,9% para apenas 1,6%. A principal razão? A quebra acentuada da produção petrolífera, estimada agora em -6,6% face ao ano anterior.
Segundo os analistas, a produção média diária de crude deverá situar-se nos 1,09 milhões de barris este ano — o nível mais baixo desde meados de 2023. Com o sector petrolífero a representar cerca de 25% do Produto Interno Bruto, mais de metade das receitas fiscais e quase 90% das exportações, qualquer recuo na produção ou no preço do barril tem impacto direto e imediato na saúde económica do país.
A cotação do petróleo, que caiu de 75 dólares em fevereiro para cerca de 65 dólares em maio, agrava ainda mais as perspetivas financeiras do Executivo, que já vinha a enfrentar dificuldades cambiais e fiscais.
A ausência de novos projetos em operação este ano, como o CLOV3 e os investimentos da TotalEnergies, contribuiu para o fraco desempenho do sector. Embora haja sinais positivos no horizonte, como os futuros investimentos da Eni e da Azule Energy, estimados em 60 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, estes só deverão começar a produzir efeitos a partir de 2026.
A realidade é clara: o país continua prisioneiro do petróleo, sem conseguir diversificar a sua base económica de forma estrutural e eficaz. Enquanto o país não conseguir reduzir o peso do crude nas suas contas, continuará vulnerável aos choques externos e à volatilidade dos mercados internacionais.