Segundo dados da plataforma “World Poverty Clock”, a situação socioeconómica de Angola é alarmante: em oito anos, a pobreza extrema cresceu 82%, deixando 11,6 milhões de angolanos a viver com menos de 2,15 dólares por dia.

Este crescimento exponencial coloca Angola entre os 12 países do mundo onde a “criação” de novos pobres supera significativamente o número de pessoas que saem dessa condição. Uma triste realidade que evidencia o fracasso das políticas públicas implementadas pelo governo.

Os dados apontam que o problema afeta sobretudo as populações rurais, crianças com menos de 9 anos e aqueles que vivem sem acesso a água potável, eletricidade ou registo civil. Apesar dos sucessivos programas e discursos governamentais, as ações carecem de relevância política, financiamento adequado e coordenação entre instituições. O resultado é uma população cada vez mais vulnerável e sem esperança de mudança.

A dependência crónica do sector petrolífero é outro fator que agrava a situação. O PIB per capita caiu 36% desde 2017, passando de 4.629 USD para 2.961 USD em 2024. Sectores como a agropecuária, pescas e indústria transformadora não têm avançado a um ritmo suficiente para diversificar a economia e gerar emprego. A pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2022, apenas intensificou este cenário de crise.

A ineficácia das políticas públicas reflete-se na incapacidade do governo em conter a pobreza extrema, que permanece entre 31% e 33% da população nos últimos quatro anos. Além disso, falta fiscalização independente e medidas robustas que garantam resultados concretos.

O país enfrenta um futuro preocupante, enquanto milhões de cidadãos continuam a pagar o preço de uma liderança ineficaz e indiferente aos apelos por justiça social. É tempo de exigir mudanças reais antes que seja tarde demais.