A fraca execução do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI) evidencia as dificuldades estruturais da economia angolana e levanta sérias dúvidas sobre a eficácia das políticas de estímulo à produção nacional. Em 2024, apenas 22 empresas foram financiadas pelo programa, um número muito distante das 2.300 inicialmente previstas no Plano Anual de Desenvolvimento Nacional (PADN2024). Este desempenho de apenas 1% do objectivo projectado sublinha a incapacidade das autoridades em impulsionar a diversificação económica de forma efectiva.
O financiamento às Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), um dos pilares para o crescimento sustentável e a criação de emprego, também ficou muito aquém das expectativas. Dos 22 mil milhões de kwanzas previstos para estas empresas, apenas mil milhões foram efectivamente concedidos, representando 6% do crédito total previsto. Esta execução deficiente reflecte as persistentes dificuldades de acesso ao crédito, com os empresários a enfrentarem barreiras burocráticas e taxas de juro elevadas que comprometem a sua capacidade de investimento e expansão.
A agricultura, apontada como um sector estratégico para a redução da dependência das importações e para o reforço da segurança alimentar, também não escapou à ineficiência do PRODESI. Apesar de representar mais de 80% da produção nacional, o apoio aos produtores rurais ficou muito aquém das metas estabelecidas. Dos 200 empreendedores rurais que deveriam beneficiar de financiamento, apenas 97 receberam algum tipo de apoio. Este cenário compromete não só a estabilidade económica das zonas rurais, como também a capacidade de resposta da produção interna face às necessidades do mercado.
Os resultados desapontantes do PRODESI em 2024 expõem falhas estruturais na implementação das políticas de incentivo à produção nacional. A falta de crédito acessível, o apoio insuficiente ao sector agrícola e a fraca capacidade de execução das metas estabelecidas colocam em causa a viabilidade da diversificação económica e o fortalecimento do tecido produtivo angolano. A recuperação económica exige medidas mais eficazes e um compromisso real com o estímulo ao investimento e à produção interna.