O líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior (ACJ), aproveitou a sua deslocação a Cabinda, uma das três províncias onde saiu vencedor nas últimas eleições, para lançar mais umas farpas contra o Presidente da República, João Lourenço (JLo).
O tom utilizado pelo líder da oposição não foi meigo, querendo fazer parecer que estamos a viver na pior das tiranias do mundo. Embora, saibamos bem que Angola, nunca foi uma democracia plena de direito e que esteja longe de representar exemplarmente um estado de direito, também não a podemos comparar à ditadura norte coreana.
No comício inaugural do ano que decorreu em Cabinda, o presidente da UNITA, considerou que o regime está a levar Angola num rumo semelhante ao regime da Coreia do Norte, apontando a nova lei da segurança nacional como um perigo para a democracia, que concede, por exemplo, permissão para desligar a Internet. Este aspeto relacionado com a liberdade de imprensa e direitos fundamentais, carece de uma melhor explicação e justificação por parte do governo, no entanto, ACJ não pode reclamar. A UNITA, sobre esta lei da segurança nacional absteve-se. Se não concordava, deveria ter deixado isso claro na votação.
ACJ aproveitou a ocasião da visita a Cabinda, para levantar novamente a questão da autonomia desse enclave. Naturalmente que este é um dos assuntos mais fraturantes em Angola. Não é surpreendente que Adalberto, por vezes, levante esta questão, assumindo sempre um posicionamento favorável a uma autonomia. Um dia, caso a UNITA chegue a ser governo, será que vai manter esta posição? Não será este tipo de linguajar de ACJ mais um elemento de desunião?
E, como não poderia deixar de ser, as autarquias voltaram a ser uma das temáticas principais do discurso do líder da oposição. ACJ deixou bem claro que este vai ser um dos assuntos mais comentados pelo seu partido. Não duvidamos disso. Sem embargo, consideramos existir problemas mais prementes por resolver, como seja a economia angolana, que teima em manter-se numa condição muito periclitante, e com uma perspetiva incerta para 2024.