“É só fumaça”, assim alertava um antigo primeiro-ministro português quando uns petardos explodiram numa manifestação de apoio, para distrair as atenções desse apoio.

O mesmo se pode dizer das actuais guerras internas na Ordem dos Advogados que estão a ser transformadas em defesas do Estado de Direito e da democracia. É um absurdo e uma distracção.

A actual liderança da Ordem não defende os pobres, os desvalidos, o Estado de Direito ou a democracia. É um grupo razoavelmente jovem ligado ao partido do poder que acha que chegou a sua hora de ocupar cargos. São antigos advogados de Isabel dos Santos, amigos de antigos oligarcas do MPLA e de figuras destacadas do tempo de José Eduardo dos Santos, mandatários de negociantes com fortunas nas importações que o governo quer terminar. Fazem parte da oligarquia dominante. Os que estão contra também têm ligações à situação. Trata-se duma mera zanga de comadres que quer tornar a sua zanga num assunto nacional.

Nada disso, isto não passa duma mera diversão que abafou as iniciativas da UNITA e da sociedade civil, que mudou o foco.

São advogados ricos contra advogados ricos. Não nos deixemos iludir. Não nos deixemos enganar.

O certo é que esta não é a primeira providência cautelar que esta direcção da Ordem perde, é a terceira, a terceira, propostas sempre por advogados diferenciados. Isto é uma guerra interna de vaidades, nada tem a ver com o país.