A UNITA está ao ataque. Não se conforma com a derrota nas eleições, e tem tido uma estratégia de desgaste do governo, uma estratégia pensada e permanente. Está a ser um excelente estudo de ciência política aplicada.

O que está a surpreender é a falta de resposta do MPLA. Este partido age como se tivesse tido mais de 66% dos votos e continuasse hegemónico em Angola. Trata a UNITA como se não existisse, fosse apenas uma mosca cansativa.

A verdade é diferente, a UNITA tornou-se uma força transversal à sociedade e tem conseguido desgastar o governo.

O governo não sabe explicar o que anda a fazer, sendo o exemplo mais cabal disso, o desastre que foi o anúncio das medidas mitigadoras da subida de combustíveis. Estavam bem pensadas e não foram sequer totalmente apresentadas até hoje.

Os ministros vivem numa arrogância que já não se justifica. Têm de descer ao povo-como está a fazer o governador de Luanda- sentir as preocupações e dar satisfações. Governar do alto do palácio numa forma ainda soviética, de cima para baixo, não chega, levará a uma previsível derrota.

Ao nível do MPLA é confrangedora a falta de apoio público dos deputados e altos dirigentes ao Presidente da República, parecem mais interessados nos seus negócios do que na coisa pública. No final de contas, quem parece estar a destituir o Presidente da República não é a UNITA, mas o seu próprio partido por inacção e os seus ministros por arrogância.