Em apenas dois dias, o trânsito em Luanda voltou a ensombrar-se de morte e sofrimento. O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) registou 19 acidentes de viação, ocorridos entre sexta e domingo, que custaram a vida a oito pessoas e deixaram 41 feridos graves

A dimensão desta tragédia transcende os números. A colisão de maior impacto envolveu um autocarro repleto de passageiros em Viana, que se despistou numa vala de drenagem, provocando duas mortes e 26 feridos Este episódio, dolorosamente simbólico, reforça a urgência de reforçar a segurança dos transportes públicos e de melhorar as infra‑estruturas problemáticas.

Só em Luanda, o SPCB contabilizou 29 ocorrências no período, incluindo cinco mortos, 39 feridos e nove incêndios, distribuídas pelos municípios de Talatona, Belas, Camama, Kilamba Kiaxi, Maianga, Samba e Cazenga. A Polícia Nacional acrescenta que os danos materiais ultrapassam os 19 milhões de kwanzas, atribuídos sobretudo à “falta de precaução dos automobilistas”.

Infelizmente, este balanço não foge a um padrão alarmante em 2025. Em abril, 11 mortes e 21 feridos graves resultaram de 20 acidentes, com a velocidade excessiva e o mau estado das vias como principais causas. Em março, o país sofreu ainda 14 mortes e 39 feridos num só fim‑de‑semana. Mais recentemente, a nível nacional, o SPCB apontou 13 mortes e 49 feridos graves num fim‑de‑semana – cinco destas vítimas por acidentes de viação.

O Estado tem reagido com operações de fiscalização intensiva: apenas neste último fim‑de‑semana, foram apreendidas oito viaturas, 347 motorizadas e sancionados 511 automobilistas. Contudo, a escalada da sinistralidade exige medidas mais estruturais: reabilitação urgente das estradas, formação e sensibilização contínua de condutores e peões, além de rigor na fiscalização de infracções como excesso de velocidade, condução sob efeito de álcool e uso de telemóvel enquanto se conduz.

A realidade mostra que a redução das vítimas rodoviárias não será alcançada apenas com repressão. É imprescindível uma combinação entre infra‑estruturas dignas, educação rodoviária rigorosa e cultura de segurança. Sem isso, vidas continuarão a ser ceifadas, fragilizando famílias e corroendo o tecido social angolano.