No próximo dia 16 de Outubro, a Assembleia Nacional reinicia os seus trabalhos, altura em que tem lugar o chamado Discurso do Estado da Nação realizado pelo Presidente da República.

Nos últimos anos, esta ocasião tem sido uma oportunidade perdida. O discurso do Presidente tem consistido numa espécie de lista de tarefas, cujo resultado é uma espécie de jogo em que membros da população se entretêm a ver onde é que o Presidente se enganou ou foi enganado, ou dito de outro modo, a denunciar as obras anunciadas como feitas, que afinal não foram feitas.

Este tipo de discursos não são sobre o Estado da Nação, mas sobre o estado das obras, e ainda por cima com erros.

O que se quer e pretende é um discurso inspirador com mensagens simples de esperança, sacrifício e trabalho, que explique onde estamos e para onde vamos, os progressos feitos em geral na economia, no bem-estar, na luta contra a corrupção, na afirmação de Angola como potência, e os rumos traçados, enfatizando histórias de superação nacionais e exemplos individuais de sucesso ou sacrifício.

É um discurso mobilizador e não mais do mesmo, o que se quer.

O Presidente da República e os seus conselheiros têm de perceber que estão sobre forte ataque, não só das oposições, mas, sobretudo, do seu próprio partido. Na Assembleia Nacional, são raros os deputados do MPLA que em surdina não criticam o Presidente. Esse é o ponto da situação e não outro, por isso, mais do que nunca é preciso um discurso forte e mobilizador, com rumos e certezas. Caso contrário, será mais uma oportunidade perdida, e já se perderam tantas desde 2017…