A Galp atingiu em 2023 o seu maior resultado líquido de sempre, de 1002 milhões de euros.
Não deixa de ser curioso que a Sonangol, no mesmo ano, viu o seu lucro cair 41,5%, culpando “desafios, cujas consequências têm sido visivelmente nocivas, à escala global.”
Quer isto dizer que os mesmos desafios globais, fizeram aumentar o lucro da Galp e diminuir o da Sonangol! Bizarro.
Bem se vê, que o prejuízo da Sonangol tem pouco a ver com circunstâncias externas, e mais com a incompetência da equipa de gestão, herdeira dos piores pecados de gestões antigas.
Contudo, existe outro aspecto a merecer reflexão. A Sonangol é, de forma, infelizmente, indirecta sócia da Galp, num arranjo com a família Amorim.
Em concreto, a Amorim Energia tem 35,76% do capital. Nessa empresa, a Sonangol detém 45%. Portanto, se projectarmos a participação indirecta no capital da Galp, tal implicaria que a Sonangol detivesse 16,10% da Galp e a família Amorim 19,6%.
Entra a dúvida. A Galp anunciou uma subida de 4% nos dividendos para os 0,54 euros por acção a pagar aos acionistas. Em contas redondas tal implica que a família Amorim terá direito a receber quase 83 milhões de euros e a Sonangol vai ter direito a receber 67,5 milhões de euros.
Será que vai ser assim?