A recente renegociação da dívida da Zâmbia à China demonstrou que este país já está avançado na sua rota de aprendizagem de solução de dívidas públicas internacionais, começando a China e escrever as regras mundiais da dívida e não a tomá-las.

A solução chinesa não passa nunca por perdões de dívida, por um lado, nem por enviar barcos de guerra e apoderar-se de ativos estratégicos ou da governação de um país, por outro. Portanto, evita ambos os extremos.

É uma solução pragmática que assenta em prolongamento de prazos e reduções de juros.

Na verdade, a China e outros credores chegaram a um acordo para reestruturar milhões de dólares em empréstimos à Zâmbia, encerrando um longo impasse sobre o incumprimento do país africano de 2020, que expôs uma divergência entre Beijing e os credores ocidentais sobre como resolver a onda de crises de dívida no mundo em desenvolvimento.

O presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, teve o cuidado de elogiar o presidente chinês Xi Jinping na sexta-feira “por nos ajudar a alcançar esse marco significativo” depois dos credores liderados pela China concordarem em reorganizar US$ 6,3 mil milhões em empréstimos.

O segundo maior produtor de cobre da África foi deixado no limbo financeiro e incapaz de obter um resgate de US$ 1,3 mil milhões do FMI, enquanto a China, o maior credor do país, e outros credores estiveram em conflito durante meses.

Finalmente, a liderança da China foi aceite e os credores concordaram com um período de carência de três anos para pagamentos de juros e estenderam os vencimentos da dívida, abrindo caminho para a Zâmbia retomar o financiamento do FMI e iniciar negociações com credores privados.

O acordo zambiano aumenta as esperanças para outros países, como o Gana e a Etiópia, que estão em negociações semelhantes para reestruturar dívidas dominadas por empréstimos da China. Pequim tornou-se o maior credor individual para o mundo em desenvolvimento na última década.

A aproximação da China parece ser de “damage control “(limitação das perdas) e distribuição das responsabilidades pelos vários credores. Na verdade, nada de muito diferente do que outros credores internacionais fizeram no passado.