A devastadora guerra no Sudão, entre as Forças de Apoio Rápido (RSF) e o exército sudanês (SAF), tem vindo a intensificar-se nos últimos 20 meses. Este conflito, que infelizmente, tem vindo a ser relegado para um plano secundário na media internacional, já resultou em mais de 20.000 mortes e uma severa crise humanitária, com 25 milhões de sudaneses a enfrentar a fome. Aproximadamente 14 milhões de pessoas foram deslocadas, e a maioria dos refugiados busca abrigo em países vizinhos.

Além desta carnificina, a violência sexual tem sido uma tática de guerra amplamente utilizada, com um relatório da ONU a apontar as RSF como responsáveis por muitos dos casos documentados, incluindo violações coletivas. A falta de acesso a cuidados médicos para as vítimas de violência sexual agrava ainda mais a crise humanitária, deixando muitos sobreviventes traumatizados e sem abrigo.

A ineficácia das iniciativas de paz tem sido gritante. As várias tentativas mediadas por diversas organizações internacionais não lograram alcançar um cessar-fogo ou uma proteção significativa para os civis. O acordo de Jeddah, assinado em maio de 2023, falhou em proporcionar quaisquer melhorias, e os esforços desenvolvidos desde então não têm conseguido garantir um cessar-fogo duradouro. Em contrapartida, a violência e as atrocidades continuam sem controle.

A missão da ONU já pediu uma intervenção de uma força internacional de manutenção da paz para proteger os civis, tendo enfatizado a incapacidade das partes em conflito de fazê-lo. Contudo, o governo sudanês rejeitou essa proposta, considerando-a uma violação da sua soberania. Esta rejeição do governo só vem piorar o cenário para o futuro, principalmente devido ao contexto de violação de direitos humanos e crimes de guerra que estão em andamento.

À vista de tal panorama, é crucial que a comunidade internacional, especialmente a União Africana (UA), aja para interromper o sofrimento da população sudanesa. A UA possui a autoridade legal para intervir em casos de crimes de guerra e genocídio, conforme estipulado no seu ato constitutivo. Para preservar a sua legitimidade e responder adequadamente à crise, a UA deve garantir a proteção dos civis no Sudão, mobilizando esforços para uma missão de paz eficaz.