A Rússia está a intensificar a cooperação com os países africanos, incluindo nas áreas da defesa e segurança, anunciou o Kremlin.
«Pretendemos realmente desenvolver de forma abrangente a nossa interação com os países africanos, com foco principalmente na interação económica e de investimento», afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
«Isto também se aplica e estende a áreas sensíveis como a defesa e a segurança. A este respeito, a Rússia também continuará a interagir e a cooperar com os Estados africanos.»
O papel da Rússia na segurança de África foi alvo de maior escrutínio depois de o grupo mercenário Wagner ter anunciado que estava a deixar o Mali.
Na sequência da revolta fracassada do Wagner em 2023 e da morte suspeita do fundador do grupo, Yevgeny Prigozhin, Moscovo reestruturou as operações militares em África e fundou o Africa Corps. A força paramilitar controlada pelo Kremlin permanecerá no Mali após a saída do Wagner.
«Há um vazio no Sahel deixado pela saída dos Estados ocidentais, especialmente pela França, pelos Estados Unidos e por outros países europeus», afirmou o analista Rida Lyammouri, do Policy Center for the New South.
«Portanto, esta é uma oportunidade para a Rússia que lhe vai custar praticamente nada. É uma vitória fácil que não vai exigir a mobilização de muitos recursos para exercer essa influência na região.»
Os governos da região do Sahel recorreram a forças armadas controladas pela Rússia para ajudar a combater combatentes ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico. Grupos armados no Mali infligiram pesadas perdas às tropas malianas e aos mercenários russos.
“A presença da Rússia através do seu grupo mercenário Wagner no Mali é diferente da sua presença no Burquina Faso e no Níger. No Mali, os Wagner estão a lutar com os militares malianos, lado a lado”, disse Lyammouri.
Apesar das sanções ocidentais, a Rússia está a usar navios de carga para enviar armamento sofisticado para países da África Ocidental, incluindo tanques, veículos blindados e artilharia.
A Rússia e a China são os principais fornecedores de armas do continente.