O sector bancário em Angola encerrou 2024 com um crescimento expressivo de 59% nos seus lucros líquidos, totalizando 822 mil milhões de kwanzas (cerca de 791 milhões de euros). Os dados constam do mais recente relatório “Banca em Análise” da Deloitte Angola. No entanto, o documento alerta para sinais de fragilidade que ainda persistem no sistema financeiro.
Apesar dos números promissores, o crescimento robusto esconde vulnerabilidades. Sem o contributo do Banco Económico – que conseguiu reduzir drasticamente os seus prejuízos de 297 mil milhões de kwanzas em 2023 para apenas 3 mil milhões no ano passado – o aumento de lucros do sector seria de apenas 1,2%. Este dado revela que o aparente dinamismo esconde uma estagnação preocupante na maioria das instituições.
A melhoria nos resultados da banca deve-se essencialmente à subida de 25% nas margens financeiras e ao disparo de 65% nos resultados cambiais, num contexto marcado por volatilidade cambial e ajustamentos de balanços. Os rendimentos provenientes de serviços e comissões também aumentaram 41%, mas o estudo da Deloitte indica que o crescimento dos principais indicadores foi modesto: ativos subiram apenas 3,3% e depósitos aumentaram 1,8%.
Outro ponto que gera preocupação é a queda do rácio de fundos próprios regulamentares, que recuou 5,3 pontos percentuais para 20,72%. Embora ainda acima do mínimo exigido, esta descida pode sinalizar tensões de capital em algumas instituições, especialmente quando se olha para o caso do Banco Económico, que continua a depender de um aumento de capital de quase 670 milhões de euros para assegurar a sua estabilidade.
Além disso, o estudo destaca um ligeiro crescimento na rede de balcões bancários, mas a verdadeira expansão deu-se nos agentes bancários e de pagamentos, com aumentos impressionantes de 641% e 203%, respetivamente – sinal de uma banca que procura reinventar-se, mas que ainda enfrenta incertezas estruturais.