O governo angolano apostou fortemente no desenvolvimento do turismo como motor de diversificação económica, mas os resultados continuam aquém do desejável. Em 2024, seis em cada dez quartos de hotéis de quatro estrelas em Luanda estiveram vazios, traduzindo-se numa taxa de ocupação de apenas 38%, segundo o relatório anual da consultora Abacus, publicado em abril último. Apesar do stock ter subido de 2.456 para 2.690 quartos num ano, o preço médio por noite rondou os 190 USD, mas não conseguiu atrair hóspedes suficientes para rentabilizar o investimento.

O sector hoteleiro de negócios, que em 2024 passou a contar com 14 unidades de quatro estrelas – incluindo o recém-inaugurado Protea Hotel By Marriott, com 84 quartos – continua longe dos níveis pré-pandemia. A fraca procura obriga os operadores a manter tarifas elevadas na tentativa de compensar perdas de facturação, contrariando a lei económica básica de oferta e procura. Quanto menos visitantes, mais altos os preços, numa dinâmica que penaliza ainda mais a competitividade de Angola face a destinos vizinhos.

Até setembro de 2024, entraram em Angola 83.587 turistas, um aumento de 10,5% face aos 75.675 no mesmo período de 2023. Contudo, a ligeira subida no número de visitantes não se traduziu em ganhos de ocupação hoteleira: registou-se, antes, um decréscimo marginal relativamente ao ano anterior. Os esforços do executivo para atrair grandes conferências internacionais têm sido intensos, mas insuficientes para inverter a tendência de subutilização das infraestruturas.

É preciso rever estratégias, apostar em formação, promover rotas culturais e naturais, e oferecer pacotes competitivos que tornem Angola um destino atractivo e acessível. Sem estas medidas, a ambição de transformar o turismo num pilar sólido da economia nacional continuará a ser uma promessa por cumprir.