Num momento em que a República Democrática do Congo (RDC) enfrenta uma das suas mais graves crises militares e humanitárias dos últimos anos, os Estados Unidos surgem como um ator central nas tentativas de pôr fim ao conflito no leste do país. Sob mediação do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a RDC e o Ruanda comprometeram-se a apresentar um plano de paz, num gesto que revela a crescente implicação de Washington na região.
O envolvimento americano vai além da diplomacia. A administração Trump tem sido pressionada por Kinshasa a estabelecer um acordo de segurança inspirado no modelo ucraniano, oferecendo às empresas norte-americanas direitos exclusivos de exploração de minerais em troca de apoio militar e diplomático. Embora ainda não se tenha formalizado nenhum pacto, os sinais de um entendimento são cada vez mais claros.
O novo czar africano da Casa Branca, Michael Boulos, indicou que está a ser desenhado um “caminho” para um pacto que envolva investimento privado e financiamento através de agências governamentais como a Corporação Financeira Internacional para o Desenvolvimento dos EUA. Este apoio poderá ser decisivo num contexto em que a China domina o setor mineiro congolês, sobretudo no cobalto, essencial para a transição energética global.
Empresas como a KoBold Metals, apoiada por Bill Gates e Jeff Bezos, e a pressão de Washington sobre companhias ocidentais como a Alphamin Resources evidenciam que os EUA veem a RDC não apenas como um foco de instabilidade, mas como um tabuleiro estratégico na disputa global por minerais críticos.
Com interesses cruzados entre segurança, recursos e geopolítica, o papel dos EUA poderá ser determinante — tanto para travar os avanços do M23 como para redesenhar a influência no coração de África.