Um comentador ligado ao MPLA defendeu recentemente que era ao sector privado que competia criar emprego e não ao governo. Esta afirmação está certa em Angola? Não está, nas presentes circunstâncias.

Em regra, numa economia de mercado é realmente o sector privado que tem de criar emprego, pois é o maior sector da economia e é aí que se encontra a vitalidade do sistema. Isto aplica-se nos EUA e muitos países ocidentais e desenvolvidos onde predomina a liberdade económica e a concorrência e é o modelo que surge nos manuais de economia de Harvard, Princeton, MIT, etc.

O problema é que em Angola o sector privado não é o sector vital da economia nem existe uma verdadeira economia de mercado. O que temos é uma economia encostada ao Estado, com políticos-empresários e sectores inteiros em monopólio ou oligopólio (isto é, dominados por uma ou duas empresas) que dependem de fundos públicos e boa vontade ministerial. A concorrência e a liberdade económica só existem na lei e não na prática. O rentismo, clientelismo e predominância oligárquica dominam o sistema.

Numa economia como a assim descrita é evidente que a criação de emprego ainda depende muito do Estado, quer directamente, quer indirectamente, através de estímulos variados às empresas que controla, por isso, sim, tem uma responsabilidade acrescida na criação de emprego e é uma pura falácia dizer o contrário.