A legalização do PRA-JA Servir Angola, em Setembro de 2024, marca um novo capítulo no já dinâmico xadrez político angolano. Liderado por Abel Epalanga Chivukuvuku, figura carismática e resiliente, o partido entra no cenário com ambições claras: não apenas integrar o mosaico político, mas disputar o poder, colocando-se como alternativa real ao MPLA e à UNITA.
O surgimento do PRA-JA representa um duplo desafio. Ao Governo, por surgir como uma força mobilizadora com capacidade de penetração social, apoiada numa retórica populista e inclusiva que recorda os tempos da CASA-CE. À UNITA, principal partido da oposição, o novo partido retira protagonismo, expondo fraturas internas na Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma eleitoral que unia os três partidos — UNITA, Bloco Democrático e o então projeto político de Chivukuvuku.
A UNITA vê no PRA-JA um potencial concorrente direto nas zonas onde tradicionalmente domina, nomeadamente no planalto central. Chivukuvuku, conhecedor profundo das dinâmicas internas da UNITA e exímio comunicador em línguas nacionais, pode aliciar militantes e bases sociais, reconfigurando alianças e diluindo a coesão da FPU.
Por outro lado, o MPLA, mesmo sendo o partido dominante, não poderá ignorar o impacto do crescimento do PRA-JA, que poderá dividir o eleitorado da oposição, mas também atrair descontentes do próprio regime.
Num contexto em que a política angolana clama por renovação e credibilidade, o PRA-JA poderá ser o catalisador de novas dinâmicas. Resta saber se este novo ator político terá fôlego e estrutura para se consolidar a longo prazo, ou se será mais uma promessa adiada na história democrática de Angola.