Não se consegue perceber se é incompetência, se pura arrogância de quem pensa que não tem de prestar contas ao povo. O que se percebe é que não conseguem reagir em tempo útil e adequado. Estamos a falar do executivo ou do partido que sustenta o executivo.

Dois exemplos de falta de acção comunicativa:

Durante semanas a fio, circulou no público a notícia que o executivo ia gastar 20 milhões de dólares em bandeiras para a festa da independência. O ministro Massano pareceu confirmar…o clamor público aumenta, e, passadas três ou quatro semanas um Comunicado do Ministério da Administração do Território veio dizer que até queriam fazer esse gasto, mas não foi autorizado…é tudo muito mau.

A imagem do executivo fica de rastos. É evidente que a comunicação do executivo tem de ser centralizada, rápida e deixar de ser à toa.

Segundo exemplo: o executivo acha que deve retirar o subsídio aos combustíveis e deixá-los aumentar. Temos dúvidas sobre esta opção, mas não vamos discutir o assunto agora. Recentemente, aumentou o preço do gasóleo. Imediatamente, a oposição lembrou a promessa de João Lourenço em 2022, segundo a qual o preço dos combustíveis ia baixar…Seguiram-se semanas de repetição deste refrão.

O espantoso é que ninguém do governo ou do partido que o apoia soube vir explicar uma coisa muito simples: a promessa de João Lourenço tinha um requisito bem expresso. Ligava a baixa dos preços dos combustíveis ao início do funcionamento de novas refinarias em Angola, o que ainda não aconteceu. Explicar isto não custa, mas pelos vistos aos apoiantes do governo, custa. É tudo tão estranho.

Quando o petróleo dava para tudo, José Eduardo dos Santos conseguiu governar sem o povo. Desde 2014 que tal já não é possível, mas o MPLA ainda não percebeu e já vão 10 anos…