Angola continua a enfrentar um grande desafio na eliminação total das minas terrestres, estando longe de cumprir o prazo estabelecido para a desminagem completa do seu território. Com o prazo inicial de 31 de Dezembro de 2025 praticamente inalcançável, estimativas apontam agora para 2028 ou mesmo 2030 como datas mais realistas para a conclusão dos trabalhos, dependendo da disponibilidade de financiamento.

Apesar dos avanços significativos na desminagem, como é o caso das províncias do Huambo e de Benguela, que estarão, em princípio, livres de áreas minadas conhecidas até ao final deste ano, ainda existem 975 zonas a necessitar de intervenção no país. O Corredor do Lobito, uma infra-estrutura estratégica para o desenvolvimento económico, continua a ter 192 campos minados nas províncias do Bié e Moxico, dificultando o progresso da região.

A Agência Nacional de Acção Contra as Minas (ANAM) estima que serão necessários cerca de 240 milhões de dólares para desminar todas as áreas identificadas. No entanto, além do financiamento já assegurado pelo Orçamento Geral do Estado, Angola precisa de continuar a mobilizar recursos internacionais para garantir a execução plena do programa.

A presença contínua de minas terrestres compromete a segurança das populações, impede o desenvolvimento agrícola e limita a expansão das infra-estruturas. Além disso, a lentidão do processo obriga o país a solicitar sucessivas extensões do prazo no âmbito do Tratado de Ottawa, expondo desse modo, fragilidades no planeamento e na execução dos trabalhos de desminagem.

Enquanto países vizinhos como Moçambique e Zâmbia estão totalmente livres de minas no seu território, Angola continua a depender de organizações internacionais como a Halo Trust para tentar acelerar o processo. Sem um reforço significativo de esforços e financiamento, a promessa de um país livre de minas continuará a ser adiada indefinidamente.