Angola enfrenta problemas sérios no sector agrícola, e a falta de apoio técnico por parte do Executivo tem sido apontada como um dos principais entraves à segurança alimentar no país. Agricultores e especialistas alertam que a inoperância de laboratórios e a escassez de campanhas de vacinação animal agravam ainda mais a situação, colocando em risco a produção agrícola e pecuária.

Albino Fernando, líder de uma cooperativa agropecuária, expressou a sua preocupação com a falta de acesso a laboratórios, destacando que a ausência de diagnóstico adequado de doenças agrárias compromete a saúde das plantações e do gado. “Se existem equipas a combater a cólera, porque não se faz o mesmo com a saúde agrária? Quando não se utiliza o laboratório, isso só beneficia alguns agricultores, enquanto a maioria fica desamparada”, criticou.

No sector pecuário, as críticas também são contundentes. Albino Fernando sublinha a inexistência de campanhas massivas de vacinação e a falta de um sistema fiável para monitorização da saúde animal. “Sem laboratórios para identificar doenças e sem vacinas, os criadores ficam sem opções e acabam por perder os seus animais”, lamentou.

Apesar dos alertas frequentes sobre a insegurança alimentar, o governo angolano destina menos de 2% do Orçamento Geral do Estado para a agricultura, muito abaixo dos 10% recomendados pela SADC. Para muitos agricultores, esta falta de investimento reflete a ineficiência das políticas agrícolas e expõe o país a uma vulnerabilidade crescente no sector alimentar.