Com a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria, a Rússia tem redirecionado a sua presença militar para outras regiões estratégicas, concentrando-se particularmente na Líbia e no Sudão. A movimentação russa visa garantir a continuidade da sua influência em África e no Mediterrâneo, reforçando as suas posições militares e logísticas.

No Sudão, o governo militar chegou a um acordo para a instalação da primeira base naval russa no continente africano, localizada perto de Porto Sudão. Esta base permitirá a Moscovo competir diretamente com os Estados Unidos e a China, que já possuem instalações militares no Djibuti. A Rússia tem vindo a apoiar ambas as fações da guerra civil sudanesa, usando esta estratégia para consolidar a sua posição no país.

Na Líbia, as imagens de satélite revelam a expansão da base aérea de Maaten al-Sarra, uma localização estratégica para controlo de rotas de abastecimento na região do Sahel. Moscovo também reforçou sua presença nas bases de al-Khadim e al-Jufra, anteriormente utilizada pelo Grupo Wagner. A Rússia tem fornecido apoio militar ao general Khalifa Haftar, consolidando a sua influência na administração rival do governo de Tripoli. Além disso, o gigante petrolífero russo Rosneft tem um acordo para a exploração de campos de petróleo líbios.

A estratégia russa de redistribuir os seus ativos militares em África, após a sua retirada parcial da Síria, visa preservar sua capacidade de projeção de poder e desafiar o domínio ocidental no Mediterrâneo. O desenvolvimento de bases aéreas e navais pode garantir a Moscovo um papel central nas dinâmicas geopolíticas da região, reforçando a sua influência e poder de negociação.