A corrupção continua a ser um flagelo em Angola, com graves implicações para a educação e o futuro dos jovens estudantes. Recentemente, o Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) tem sido o epicentro de escândalos que revelam a incompetência e a falta de transparência na gestão dos recursos públicos.

Uma auditoria interna realizada pelo Tribunal de Contas (TC) em dezembro do ano passado revelou suspeitas de desvios de mais de 20 mil milhões de kwanzas. Este valor é quase três vezes superior ao do famoso “caso 7 mil milhões” da Administração Geral Tributária (AGT). As irregularidades incluem pagamentos não justificados a fornecedores de bens e serviços, transferências bancárias sem documentação de suporte e a existência de “bolseiros-fantasma” que continuam a receber subsídios sem estarem inscritos nas universidades.

O antigo diretor do INAGBE, Milton Chivela, nega as acusações de desvio de fundos, mas admite “incumprimentos” na auditoria. O TC notificou o INAGBE para apresentar justificativos para mais de 35 milhões de dólares atribuídos a Chivela. As denúncias de irregularidades no INAGBE têm gerado preocupação, especialmente entre o Movimento dos Estudantes Angolanos, que considera que esses desvios prejudicam diretamente os estudantes, excluindo muitos do sistema de bolsas de estudo.

A situação é agravada pelo facto de que muitas bolsas de estudo externas terem sido canceladas devido à alegada falta de recursos financeiros do Estado. Enquanto isso, milhões de kwanzas desaparecem sem justificação, levantando sérias questões sobre a prioridade do governo em relação à educação superior.

Alguns juristas, como Manuel Cangundo, defende que a Assembleia Nacional deveria criar uma comissão para apurar os factos e encaminhar o caso aos órgãos competentes para investigação criminal, como seja a Procuradoria-Geral da República.