As vendas de automóveis novos em Angola registaram uma queda de 34% em 2024, totalizando apenas 4.484 unidades vendidas, segundo a ACETRO (Associação dos Concessionários de Equipamentos Rodoviários e Outros). O mercado formal, representado por concessionárias oficiais, corresponde apenas a 30% das vendas, enquanto o mercado não oficial, que importa viaturas da Europa e dos países árabes, responde por 70% das transações.
O declínio acentuado das vendas reflete a degradação do poder de compra e a falta de acesso ao crédito bancário. Em 2014, foram vendidos 44.536 veículos, uma década depois, este número caiu para apenas 10% desse volume. Factores como a desvalorização do Kwanza (de 100 Kz/USD em 2014 para 912 Kz/USD em 2024) e a redução do PIB nacional, que passou de 164 mil milhões USD para cerca de 110 mil milhões USD, têm impactado negativamente o sector.
Os ligeiros de passageiros continuam a dominar as vendas (73,2%), seguidos pelos ligeiros de mercadorias (15,8%) e pesados comerciais (8,2%). O modelo mais vendido é o Suzuki Swift, com 1.897 unidades, seguido pela Hyundai, Toyota, Renault e Nissan.
O Estado, principal comprador de veículos no país, tem optado pelo mercado paralelo em vez dos concessionários oficiais, fomentando um circuito de aquisição que beneficia empresas privadas com ligações ao poder. o mercado informal tem prosperado, agravando ainda mais a crise das concessionárias oficiais.
Paralelamente, o Presidente da República, João Lourenço, autorizou uma verba de 6,8 mil milhões de kwanzas (7,4 milhões de dólares) para a compra de viaturas destinadas ao uso pessoal dos magistrados do Ministério Público, sob o argumento de melhorar as suas condições de mobilidade. No entanto, o despacho presidencial não especifica o número de viaturas a serem adquiridas. Esta decisão gerou várias críticas, com especialistas apontando para o despesismo estatal e a possibilidade de sobrefacturação.
Esta medida segue um padrão já visto em 2021, quando o Presidente autorizou um montante idêntico para a compra de viaturas para deputados, enquanto os magistrados solicitavam a aquisição de 625 viaturas. A repetição deste tipo de despesa levanta questões sobre as prioridades governamentais e a necessidade de maior transparência na gestão dos recursos públicos.