No prospecto da última emissão de eurobonds, no valor de 1,5 mil milhões de dólares, o Governo angolano identificou 30 riscos económicos que podem comprometer o cumprimento das suas obrigações junto dos investidores. Estes riscos, divididos entre externos e internos, reflectem os desafios crónicos de uma economia excessivamente dependente do petróleo e que luta para se diversificar.

Um dos principais riscos destacados é a dependência significativa do petróleo, cuja volatilidade de preços afecta directamente as receitas públicas e o crescimento económico. Além disso, a economia angolana enfrenta uma elevada informalidade e dificuldades em diversificar as suas fontes de rendimento, factores que limitam a criação de riqueza sustentável no país.

A inflação persistente é outro desafio que afecta o poder de compra dos cidadãos e a estabilidade económica. A dependência das importações de bens essenciais, como alimentos e combustíveis, torna o país vulnerável a choques externos, como flutuações cambiais e crises globais de abastecimento.

O elevado nível de endividamento também representa um risco significativo, pois limita a capacidade de resposta a crises económicas e aumenta a vulnerabilidade a choques externos. A este cenário junta-se a questão dos atrasos no pagamento de dívidas a credores, que no final de 2023 totalizavam 3,6 mil milhões de dólares, correspondendo a 2,6% do PIB.

Outros factores incluem a corrupção, que mina a confiança dos investidores, e um sistema judicial subdesenvolvido, que pode comprometer a segurança jurídica dos investimentos. Além disso, a instabilidade social e política é apontada como um risco, uma vez que pode afectar a capacidade do país em honrar os seus compromissos financeiros.

A lista abrangente de riscos contribuiu para que a emissão de eurobonds fosse fechada em Londres com uma taxa de juro de 10,95%, superior às emissões anteriores. Esta taxa elevada reflete a percepção de risco associada à economia angolana, tornando o custo de financiamento mais oneroso para o país.