O Reino Unido está prestes a tornar-se o maior credor de Angola, ultrapassando a China, que há anos ocupa essa posição. A evolução do stock da dívida angolana para com os dois países revela uma tendência que poderá concretizar-se já no próximo ano, caso se mantenham os atuais ritmos de redução e aumento das respetivas obrigações financeiras.

De acordo com os dados mais recentes, a dívida de Angola para com a China fixou-se nos 14,97 mil milhões de dólares, representando uma redução de 34,6% desde 2018. Em contrapartida, a dívida para com o Reino Unido atingiu os 13,08 mil milhões de dólares, registando um crescimento significativo de 69% no mesmo período. Desta forma, a diferença entre os dois credores reduziu-se drasticamente de 15,172 para apenas 1,89 mil milhões de dólares, um valor que poderá ser facilmente ultrapassado num curto espaço de tempo.

A estratégia do Governo angolano tem sido orientada para a redução da dependência da China, com um plano de saneamento da dívida até 2028. Por outro lado, o crescimento da dívida para com o Reino Unido reflete o aumento da presença de bancos e fornecedores britânicos na economia angolana, que têm vindo a ganhar maior relevância nas relações financeiras bilaterais.

Apesar da possibilidade de o Reino Unido assumir a posição de maior credor de Angola, é importante salientar que o país europeu não figura entre os sete principais credores bilaterais. Isto demonstra que grande parte da dívida angolana para com entidades britânicas está concentrada em instituições financeiras e fornecedores, e não em financiamentos diretos do Governo britânico.

Se a tendência se mantiver, Angola poderá assistir a uma mudança no perfil dos seus principais credores, com possíveis implicações na sua política económica e diplomática nos próximos anos.