Angola está entre os piores serviços digitais do Estado. O país ocupa a 156.ª posição entre 193 países no Índice de Desenvolvimento de Governo Electrónico (EGDI) de 2024, segundo um estudo das Nações Unidas. Este resultado coloca o país como o 38.º pior do mundo no que toca à prestação de serviços digitais pelo Estado, refletindo as fragilidades estruturais e tecnológicas que ainda persistem.
Apesar de algumas iniciativas como a criação do Instituto de Modernização Administrativa (IMA) e do Portal dos Serviços Públicos Electrónicos do Governo (SEPE), os serviços online continuam a ser insuficientes e pouco eficazes. O sistema de recrutamento do Estado, por exemplo, já digitalizado em parte, ainda sofre falhas constantes, prejudicando os candidatos a concursos públicos. Além disso, os serviços da Administração Geral Tributária (AGT), fundamentais para a arrecadação fiscal, enfrentam frequentes reclamações devido a problemas nos canais digitais.
Outro exemplo notório é o pagamento de energia elétrica, que continua a ser um processo híbrido. Apenas os utilizadores do serviço pré-pago têm acesso a opções digitais, enquanto os clientes pós-pagos ainda precisam de se deslocar fisicamente para efetuar pagamentos, aumentando os riscos de fraude e ineficiência.
O presidente da Associação Angolana de Provedores de Serviços de Internet (AAPSI), Sílvio Almada, destaca a necessidade de investimentos em infraestruturas de telecomunicações e na interligação das bases de dados das instituições públicas. Almada sublinha ainda a importância da literacia digital e do aumento do acesso à internet.
Apesar dos desafios, o Governo prevê aumentar o investimento na modernização administrativa nos próximos anos. No entanto, apenas com uma estratégia sólida e uma execução eficiente poderá o país melhorar a qualidade dos seus serviços digitais e acompanhar a evolução global.