Quando 57 % dos angolanos, cogitam sair de um país e fazer a sua vida num outro lugar, é porque algo não está a correr bem nessa sociedade. Este é o cenário presente em Angola. Um estudo do Afrobarómetro revelou que a maioria dos angolanos – 57% – considerou deixar o país, principalmente devido a dificuldades económicas e a busca por oportunidades melhores, sendo a Europa o destino preferido.
A pesquisa realizada destacou que até mesmo jovens com poder económico pensam em emigrar de Angola. O sociólogo David Boio enfatizou que essa população instruída e economicamente favorecida deveria permanecer para contribuir com o desenvolvimento do país. No entanto, muitos já migraram, com Portugal (com uma comunidade angolana de quase 56 mil pessoas) a ser um dos destinos mais populares.
O estudo apontou que 60% dos homens expressam vontade de deixar o país, com América do Norte e África do Sul a serem também destinos cotados. Júlio Lofa, líder da Associação Juvenil para a Solidariedade, criticou as políticas públicas ineficazes que levam muitos jovens à pobreza e à emigração, destacando a falta de oportunidades de emprego como um problema generalizado.
Carlos Gonçalves, ex-jornalista da Rádio Nacional de Angola, comentou que a desvalorização da moeda e os desacertos nas políticas económicas têm fragilizado a sociedade angolana, resultando em perda de confiança e possível aumento da migração. Em pesquisas anteriores, a população angolana expressou descontentamento com o desempenho do presidente João Lourenço, criticando sobretudo a situação económica e a democracia do país.
O Governo angolano lançou um fundo de 500 milhões de dólares para o emprego juvenil através de projetos públicos e privados, como parte dos esforços para enfrentar o desemprego e reter a população qualificada. No entanto, a persistência da insatisfação com as condições económicas e políticas pode continuar a impulsionar a emigração de angolanos em busca de oportunidades melhores fora do país.