Mais de um terço das empresas formais em Angola iniciaram as suas atividades sem registo, uma tendência que está presente em mais de 20% das empresas em um quarto dos países da região. Esta situação é salientada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que vem mais uma vez a terreiro defender a necessidade de se verificarem mudanças estruturais para lidar com os desafios do crescimento demográfico e económico na região.

A situação não é nova, mas não deixa de ser preocupante. Angola continua a enfrentar dificuldades na criação de empregos formais e de qualidade, com baixos níveis de crescimento económico. A maioria dos empregos são de subsistência, com menos de um quarto dos trabalhadores a receberem salários fixos. Mais de um terço da força de trabalho é pobre, ganha menos de 1,90 USD por dia, e o subemprego é alto, especialmente em áreas rurais dependentes da agricultura sazonal. Os empregos informais predominam, principalmente entre os jovens e mulheres.

O FMI vem já há algum tempo realçando que é fundamental promover um crescimento inclusivo e amplo da produtividade, especialmente no sector informal, para enfrentar a escassez de empregos de qualidade. O Governo e o sector privado devem implementar políticas direcionadas aos trabalhadores e eliminar obstáculos ao crescimento das empresas. É crucial apoiar a transformação estrutural em direção a atividades mais produtivas para ampliar as oportunidades de emprego.

Até 2030, metade do aumento da mão de obra global virá da África Subsaariana, exigindo a criação de até 15 milhões de novos empregos por ano. Esta é uma necessidade particularmente urgente em economias fragilizadas por conflitos e baixos rendimentos, que representam a maioria das necessidades anuais de emprego na região subsaariana. Países como Angola, com altas taxas de fecundidade e população jovem em crescimento, enfrentam desafios significativos neste contexto.