As alocações orçamentais do governo e os padrões de despesas em Angola, continuam a desprezar o sector Social, em detrimento, por exemplo do sector da Defesa e da Segurança. Para piorar o quadro, um problema recorrente que aflige o país, é o facto dos fundos alocados ao sector Social, (incluindo Saúde, Educação e Proteção Social) não serem totalmente utilizados conforme o planeado.

Nos primeiros nove meses do ano, apenas 64% das despesas planeadas para o sector Social foram executadas, refletindo uma tendência consistente de subfinanciamento destas áreas críticas. Já o sector da Defesa e Segurança, ultrapassou o seu orçamento alocado, gastando 108% do valor planeado até setembro. Este desequilíbrio na distribuição de despesas evidencia uma preferência por investir em infraestrutura militar e de segurança em detrimento de serviços sociais essenciais, como escolas e hospitais.

Esta prática do governo de destinar fundos para o sector Social sem cumpri-los não é um fenómeno novo. Enquanto Defesa e Segurança já excederam a sua alocação orçamental anual, os sectores de Educação e Saúde têm taxas de gastos significativamente menores, com Educação a atingir apenas 54% e a Saúde, 63% no final do terceiro trimestre. Esta disparidade é ainda mais destacada pelo facto de que os gastos com Educação e Saúde representarem apenas 6,4% cada, do gasto total nos primeiros nove meses, apesar do seu papel crucial no desenvolvimento e bem-estar da sociedade.

Esta tendência histórica de priorizar gastos militares e de segurança em vez de investimentos em Educação e Saúde, tem sido persistente ao longo dos anos. Assim, é fundamental que haja uma distribuição mais equilibrada e equitativa dos recursos governamentais para garantir o bem-estar e o desenvolvimento da população.