No G20, os aliados da Ucrânia e a Rússia culparam-se mutuamente pela escalada da guerra na Europa, ensombrando o último dia da cimeira. O Presidente do Brasil, Lula da Silva, instou os líderes mundiais a relançarem as negociações da ONU sobre o clima, que se encontram paralisadas, alertando para o facto de a ação ser essencial para a sobrevivência do planeta.
Joe Biden, que participa na sua última cimeira como presidente dos EUA antes de passar o poder a Donald Trump – cético em relação ao clima – também apelou a uma ação urgente.
Mas a decisão de Biden de reverter repentinamente a política chave dos EUA sobre a Ucrânia nas suas últimas semanas no cargo desviou a atenção da agenda anti-pobreza e anti-emissões.
Na véspera do encontro, Biden deu luz verde a Kiev para usar pela primeira vez mísseis norte-americanos para atacar o interior da Rússia, em aparente resposta ao facto de Moscovo ter recrutado soldados norte-coreanos para combater na Ucrânia.
A medida levou o Kremlin a anunciar que estava a flexibilizar as suas regras sobre a utilização de armas nucleares, causando alarme entre os apoiantes de Kiev em Washington, nas capitais europeias e noutros locais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que participou no G20, declarou que os Estados Unidos e a Rússia estavam “à beira de um conflito militar direto”.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, criticou a “retórica irresponsável vinda da Rússia”, sentimento partilhado por um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
Xi Jinping, o líder chinês que se apresenta como um defensor da ordem internacional no advento de uma nova era Trump, teve reuniões consecutivas com outros líderes no Rio.
Em cada uma delas, Xi, que foi recebido com mais fanfarra do que um Biden em fim de mandato, sublinhou que o mundo estava a enfrentar um novo período de “turbulência”.
A declaração conjunta da cimeira não mencionou a agressão russa, afirmando apenas que os líderes saudavam “todas as iniciativas relevantes e construtivas que apoiem uma paz abrangente, justa e duradoura” na Ucrânia.
O Presidente Lula aproveitou a cimeira para apoiar uma campanha mundial contra a fome e para tentar dar um impulso às negociações sobre o clima da COP29, que estão paralisadas em Baku, capital do Azerbaijão.
Contudo, embora reconhecendo a necessidade de triliões de dólares em financiamento climático para as nações mais pobres, os líderes não mencionaram explicitamente a necessidade de transição para longe dos combustíveis fósseis.
Biden, que tem estado a utilizar uma digressão de despedida pela América do Sul para promover o seu legado climático, disse aos seus homólogos do G20: “Exorto-nos a manter a fé e a continuar”.
Lula, que cresceu na pobreza, conseguiu apesar de tudo, que os líderes de 80 países, incluindo o relutante Presidente argentino Javier Milei, aderissem a uma aliança para acabar com a fome no mundo.
E os membros do G20, a seu pedido, também concordaram em cooperar para que os bilionários do mundo paguem mais impostos, uma exigência fundamental dos activistas contra a pobreza.