Autor: Públio Cornélio
João Lourenço já nos habituou ao seu estilo de discurso de estado da Nação. Um relatório estilo soviético, por ministério, de realizações. Umas importantes, outras irrelevantes, tudo cabe no discurso.
O estilo não é apreciado e não gera empatia, e sofre do problema dos relatórios soviéticos. Tem exageros, possivelmente ficções, elaboradas pelos funcionários para impressionarem o chefe.
O Presidente ganhava em mudar o estilo, em concentrar-se apenas nos aspectos importantes e em gizar um plano de esperança para o futuro. O presente modelo não resulta.
Em todo o caso, há um facto que é necessário sublinhar. Muita coisa acontece e o executivo tem realizado obra em muitas áreas. O problema é que o ruído à volta do discurso, a espécie de jogo dos erros e imprecisões em que se entra, acaba por obscurecer o relato do que é importante e a população não sente o trabalho do governo.
O importante era desagregar o discurso, retirar de lá os factos importantes e explicá-los ao país, fosse através de reportagens da TPA, vídeos nas redes sociais, artigos em jornais, livros, entrevistas, seminários, por aí adiante. O discurso deve ser visto como um ponto de partida de explicação ao povo e não um ponto de chegada, a que ninguém toma atenção.
Em resumo, é importante transformar o discurso em acções concretas e perceptíveis para o público.