Autor: Públio Cornélio
Era Winston Churchill que dizia que os EUA tomavam sempre a decisão certa, depois de tentarem todas as outras. É o que parece passar-se em relação às minas da República Democrática do Congo (RDC) e à sua relação com o Corredor do Lobito.
Do ponto de vista dos EUA, a importância relevante do Corredor do Lobito liga-se à sua capacidade de transporte dos recursos minerais do hinterland da RDC e da Zâmbia para o Oceano Atlântico. Não quer dizer que Angola não tenha outros benefícios a retirar do Corredor, como o desenvolvimento de plataformas logísticas no traçado, o desenvolvimento ao longo da linha e o escoamento dos seus próprios produtos. Mas, numa visão de grand stratetgy, o acesso e transporte dos recursos mineriais da Zâmbia e RDC é o grande tema americano, dentro da sua óptica de competição com a China. Mas andavam distraídos…
Haveria sempre um obstáculo fundamental em todo o desenho do projecto, que reside no facto desses recursos (minas) pertencerem, no caso da RDC, (não se aborda o caso da Zâmbia), a empresas e interesses chineses.
Parece que os Estados Unidos finalmente têm essa noção e começam os primeiros passos discretos para retrair a influência chinesa no sector mineiro congolês.
O principal responsável mineiro da RDC, o ministro das Minas, Kizito Pakabomba, anunciou agora que o país está à procura de novos investidores para os seus principais depósitos de metais de interesse mundial e que procura diversificar a propriedade da sua indústria, actualmente dominada pela China.
O plano da RDC inclui a simplificação dos procedimentos de pagamento de direitos aduaneiros e impostos, bem como uma parceria com os Emirados Árabes Unidos.
O governo está a tentar fazer “escolhas estratégicas” sobre a gestão das minas do Congo, sendo exemplo, a decisão do Estado de se opor a uma proposta de venda da Chemaf Resources Ltd., uma empresa mineira de cobre e cobalto apoiada pelo Grupo Trafigura, à Norin Mining Ltd. da China.
Há informações variadas que apontam para o facto do governo congolês estar cada vez mais frustrado com a falta de influência sobre a sua indústria mineira, particularmente no sector do cobalto, um ingrediente chave em muitas baterias de veículos eléctricos.
O país produz cerca de três quartos da produção mundial do metal no ano passado, mas um aumento na produção das mineradoras do país – especialmente a chinesa CMOC Ltd. – fez com que os preços caíssem para o nível mais baixo em oito anos. O governo quer ter mais controlo sobre as exportações de cobalto.
É aqui que a diplomacia americana entra a facilitar a análise e perspectiva do governo congolês, que parece não controlar a sua própria política e território.