Este é o cenário angolano, mas como chegámos a tal contexto económico?  Seguramente, temos que ter em atenção a relação entre as exportações de Angola e a pressão inflacionária resultante da queda nas importações.

No primeiro semestre de 2024, as exportações de mercadorias angolanas cresceram 7%, atingindo 18.215,4 milhões de dólares, com destaque para o sector petrolífero, que representou 94% das exportações. Especificamente, as exportações de petróleo bruto cresceram 13,2%, em grande parte devido ao aumento tanto do volume exportado quanto dos preços. No entanto, as exportações de gás sofreram uma queda significativa de 37,6%, devido a uma diminuição tanto no volume exportado quanto no preço médio. Além disso, o sector de minérios e minerais viu suas vendas para o estrangeiro encolherem 4,5%, com os diamantes a representarem a maioria das exportações desse sector.

Em contraste, as importações diminuíram 17,1%, totalizando 6.453,1 milhões de dólares, sendo as importações de bens de consumo corrente e bens de capital as áreas mais afetadas, com quedas de 21,9% e 2,2%, respetivamente. A escassez de acesso a divisas por parte dos importadores foi um dos principais fatores que contribuíram para a queda nas importações.

Esta diminuição nas importações, juntamente com a alta dos preços, levou a um aumento significativo da inflação. Em junho de 2024, a inflação atingiu 42,8% em Luanda e 31,0% a nível nacional, sendo atribuída à escassez de oferta de produtos, resultado da queda nas importações e da dependência da produção nacional em relação às importações de matérias-primas, bem como à desvalorização da moeda nacional.