O Presidente da República, João Lourenço, parece já ter percebido que o funcionamento da economia de um país, é o que faz uma sociedade apreciar ou condenar uma governação. Os angolanos, por mais que sejam ludibriados com palavras bonitas de que a situação vai melhorar, só voltarão a depositar alguma confiança neste Governo, quando vislumbrarem resultados concretos que se reflitam em ‘fartura’ nos seus lares.
Perante a alta de juros que se está a verificar, João Lourenço convocou os líderes das principais instituições bancárias do país para discutir este assunto, uma vez que os juros atingiram níveis históricos, causando impacto no financiamento tanto da economia como do Estado.
A taxa Luibor Overnight ultrapassou os 31%, aproximando-se da inflação, dificultando a concessão de crédito por parte dos bancos. As altas taxas de juro estão associadas à inflação acima de 30%, à constante desvalorização do kwanza e ao alto índice de malparado, tornando os financiamentos pouco atrativos e arriscados.
Os bancos estão preocupados com a pressão sobre a dívida e a dificuldade em conceder crédito à economia, seja para o Estado, cujas taxas de juro das obrigações do tesouro estão em torno de 18%, ou para os operadores, com taxas que chegam a 35%. Perante esta situação, o Presidente angolano resolveu questionar os bancos, para perceber o que poderá ser feito.
Os bancos comprometeram-se a apresentar medidas ao Banco Nacional de Angola (BNA) para reduzir as taxas de juro, incluindo o fim do imposto sobre empréstimos interbancários acima de cinco dias e uma gestão mais eficaz da facilidade de liquidez do banco central. Eles justificam a avidez ao financiamento à economia pela alta inflação, porém, as taxas elevadas aumentam o receio de incumprimento por parte das empresas.
Enquanto isso, o BNA adopta uma política monetária restritiva para conter a inflação pressionada pela desvalorização constante do kwanza e pela escassez de bens de consumo. A desvalorização do kwanza, que desde o início do ano já depreciou 8,4% em relação ao dólar e 9,6% em relação ao euro, causa incertezas sobre a independência e o papel do BNA. Esta situação compromete a integridade e a confiança no sector bancário.
Esta reunião convocada pelo Presidente vai além de um simples alerta sobre as taxas de juro, indicando possíveis razões fundamentais subjacentes. Os bancos pretendem implementar medidas para aliviar a pressão sobre as taxas de juro, tendo em vista melhorar o ambiente de financiamento à economia e ao Estado. Esta conjuntura evidencia a necessidade de intervenção para resolver a alta das taxas de juro e as questões associadas, como a inflação, a desvalorização do kwanza e a falta de oferta de bens de consumo.