Não é de surpreender que a UNITA não ficasse calada, face ao discurso de João Lourenço. Após longo período em que o líder do MPLA parecia não reconhecer a existência de oposição no país ao seu governo, veio finalmente proferir algumas considerações sobre a oposição.

A resposta não se fez esperar e era fácil de prever.  Num encontro com os primeiros-secretários dos Comités de Ação do Partido, a UNITA expressou forte desacordo com o presidente, afirmando que ele, ao vestir-se como Presidente da República, não está a cumprir a missão republicana de representar todos os angolanos.

Num comunicado, a UNITA acusou o Presidente angolano de promover ódio, intolerância e divisão entre os angolanos, e ainda de caluniar e difamar a oposição. Desafiando o presidente do MPLA a provar suas acusações, a UNITA argumenta que João Lourenço demonstra resistência à ideia de governar para todos os angolanos de forma igual, desrespeita quem pensa diferente, interfere no poder judicial e no funcionamento autónomo da Assembleia Nacional, e busca determinar o sentido de voto do Grupo Parlamentar da UNITA.

Além disso, o principal partido da oposição criticou o discurso de João Lourenço por ser nostálgico ao sistema do partido único, responsável pela situação desastrosa que assolou Angola desde maio de 1975. A UNITA apelou aos patriotas angolanos, membros de partidos políticos, das igrejas, da sociedade civil, do poder judicial e das forças de defesa e segurança a rejeitar e condenar o discurso do Presidente do MPLA, enfatizando que o mesmo, atenta contra a paz, a democracia e a reconciliação nacional.

A UNITA também convocou o MPLA e o seu presidente a abandonarem a retórica de ódio, intolerância e diabolização daqueles que pensam diferente, e a se libertarem da tática de culpar terceiros para encobrir os seus próprios fracassos. Exortou os angolanos a não se deixarem intimidar pelas tentativas de condicionar o livre exercício do mandato do povo soberano de Angola pelos deputados à Assembleia Nacional, e a não desistir da luta por um país que trate todos como iguais em direitos, deveres e oportunidades.

Por fim, a UNITA encorajou os deputados do Grupo Parlamentar da UNITA a basearem seus posicionamentos políticos na defesa dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos, bem como nos valores e princípios da Constituição da República de Angola. Este comunicado pretende sublinhar a sólida posição da UNITA em discordância com o presidente do MPLA, enfatizando a importância da paz, unidade, democracia e respeito mútuo como fundamentais para o desenvolvimento e estabilidade de Angola.