Parece que nada corre bem no Sudão. Uma barragem desmoronou-se no leste do Sudão, provocando inundações na região, informou o Ministério da Saúde do país. Segundo os meios de comunicação locais, dezenas de pessoas estão desaparecidas.
Num comunicado divulgado, o ministério afirmou que a barragem de Arbaat tinha colapsado e que tinham sido enviados recursos para a zona para ajudar as pessoas que tinham ficado retidas.
O comunicado refere que pelo menos 4 pessoas morreram devido às cheias, mas não dá uma estimativa do número de desaparecidos. No entanto, um funcionário local disse site de notícias sudanês Al-Tagheer que acreditava haver pelo menos 60 mortos.
A agência noticiosa sudanesa Medameek, citando a força aérea do país, informou que mais de 100 pessoas estavam desaparecidas e que muitos outros aldeões tinham subido para o topo de colinas rochosas para evitar a subida das águas.
A barragem, situada numa zona remota 40 quilómetros a norte de Porto Sudão, fornecia água potável à cidade do Mar Vermelho. Muitos dos altos funcionários e civis do país fugiram da capital Cartum para Porto Sudão desde que um conflito brutal eclodiu no país em abril de 2023. A guerra, que opõe os militares do país às forças paramilitares de apoio rápido, lançou o Sudão numa crise humanitária.
A guerra tem fustigado as infra-estruturas civis e um sistema de saúde já de si de rastos. Matou milhares de pessoas e empurrou muitas delas para a fome, tendo já sido confirmada a existência de fome num vasto campo para pessoas deslocadas na destruída região de Darfur, no norte do país.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, mais de 10,7 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas desde o início dos combates. Mais de 2 milhões fugiram para países vizinhos.
Mais recentemente, um surto de cólera, alimentado pelas inundações e pela falta de saneamento básico, matou pelo menos duas dúzias de pessoas. No mês que decorreu desde que foram registados os primeiros casos suspeitos de cólera, foram notificados mais de 650 casos e 28 mortes em cinco Estados, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A OMS disse que uma campanha inicial de vacinação contra a cólera em Kassala, no leste do Sudão, atingiu mais de 50.000 pessoas. A OMS disse que mais de 450.000 doses adicionais de vacina oral contra a cólera estão a ser distribuídas.
As barragens do Sudão ajudam a gerir as fortes precipitações sazonais num clima maioritariamente desértico. A barragem de Arbaat, a cerca de 34 quilómetros do Mar Vermelho, foi construída para reter a água da nascente e da chuva e o seu reservatório tinha uma capacidade de 25 milhões de metros cúbicos.
A barragem acabou por rebentar, na sequência de fortes chuvas, segundo a imprensa local.
