João Lourenço tem granjeado prestígio internacional. Este é um facto indesmentível. Mas, dois acontecimentos recentes ameaçam o seu legado no médio prazo.

O primeiro são as grandes manifestações populares de descontentamento no Quénia e na Nigéria. São fenómenos estruturais. Em ambos os casos temos Presidentes bem intencionados que seguem as receitas do FMI: austeridade e retirada dos subsídios. O resultado é o desastre. Por alguma razão, o FMI não tem uma memória institucional. Não aprende com os erros. Repete dogmaticamente as suas receitas lançando os países africanos no caos político. Esta é uma lição para Angola, onde desde os anos 90, o FMI falha. Há que não acreditar no FMI e não aplicar políticas que levam à sublevação generalizada.

A segunda lição vem da Venezuela. Não sabemos o futuro de Maduro. Sabemos apenas que depende das Forças Armadas, e, com relevo para Angola, a disputa eleitoral colocou no centro da discussão o papel das Actas Eleitorais. A consequência é que em 2027, este já não será um tema esotérico angolano. Toda a gente em todo mundo já terá consciência do relevo das Actas. Elas vão ter mesmo de ser publicadas, senão ninguém reconhecerá o resultado de 2027 em Angola.