Está ao rubro a situação na UNITA, com troca de acusações entre a família de Jonas Savimbi e o actual líder Adalberto da Costa Júnior. Primeiro foi uma directiva da liderança da UNITA a causticar os Savimbi e Isaias Samakuva, acusando-os de conluio com João Lourenço. Depois, foi a resposta por carta da família Savimbi, que numa palavra chamam ACJ de mentiroso. Já no MPLA, a família (ou melhor parte da família) Dos Santos não perde um dia para atacar João Lourenço o mesmo acontecendo, embora com mais elevação e dignidade à família de Agostinho Neto, que viu o seu genro aprisionado.
Parece que os partidos, finalmente, se resolverem libertar dos seus Pais Fundadores. Pode-se pensar que tais atitudes vão levar à divisão dos partidos e ao seu enfraquecimento. Pode ser que sim. Mas no final é um acto purificador necessário. Há muito se percebeu que os movimentos de libertação perderam o seu sentido e objectivo. No fundo, com a independência tinham alcançado o essencial. A partir daí foram perdendo energia, dinamismo, coerência programática, tornando-se em meros gestores de poder ou contrapoder, sem rumo definido, sem ideologia que guiasse. Apenas o enriquecimento e oportunismo como farol.
Nesse sentido, a libertação dos movimentos dos seus Pais Fundadores e a sua transformação em partidos modernos, pragmáticos, com projectos para o país além da mera gestão de egos, talvez seja uma coisa boa e recomendável. É bom que essa transformação exista e a democracia e o desenvolvimento passem a ser as pedra-de-toque do futuro.