É triste o que estamos a assistir. Quem a viu e quem a vê! A Angola Telecom parece caminhar para o seu ocaso a passos largos. Faz lembrar aquele paciente ligado às máquinas, esperando apenas a chegada do padre, para receber a extrema unção. Será que não tem mais escapatória possível?
A situação da Angola Telecom, outrora a empresa de telecomunicações de referência do país, enfrenta uma grave crise financeira e operacional. A empresa tem perdido clientes nas suas áreas principais de negócio, como rede fixa de internet e telefonia fixa, nos últimos cinco anos. O cenário agrava-se devido à falta de desenvolvimento de novos negócios, ausência de modernização e degradação das infraestruturas.
A Angola Telecom, que já foi um gigante das telecomunicações, entrou em falência técnica há vários anos, e não parece haver uma solução viável para sua recuperação. A perda de 10.551 clientes na rede fixa de internet em cinco anos representa uma queda de 63%, um cenário que poderia ter sido uma oportunidade para equilibrar as atividades da empresa, mas que, infelizmente, não foi aproveitado.
Além das dificuldades financeiras, a empresa enfrenta a obsolescência de seu modelo de negócio baseado na rede fixa, e suas infraestruturas atualmente não estão a funcionar adequadamente.
A situação crítica da empresa começou a desenhar-se em 2003, quando perdeu o monopólio dos serviços de telefonia móvel. Desde então, a empresa estatal concentrou-se apenas nos serviços de comunicação de dados e telefonia fixa, áreas que também não têm sido rentáveis e que enfrentam desafios difíceis de superar.
No mercado de banda larga fixa, a Angola Telecom teve uma diminuição significativa na sua quota de mercado, caindo de 15,1% em 2019 para 4,4% em 2023. Enquanto isso, operadoras como ZAP e TV Cabo, têm acompanhado os gostos dos consumidores por qualidade, velocidade e confiabilidade nos serviços de internet, bem como a evolução tecnológica e a oferta de outros serviços de telecomunicações, como TV por assinatura e telefonia.
A Angola Telecom falhou em acompanhar a inovação e as tendências tecnológicas do mercado de banda larga fixa, e agora está ameaçada por outros provedores de internet, como a Paratus, que detém 4,3% do mercado. Ademais, no mercado de telefonia fixa, a Angola Telecom viu uma queda de mais de 30% no número de subscritores nos últimos cinco anos, perdendo a sua liderança para operadoras como a TV Cabo e a MS Telecom.
A falta de inovação, modernização e diversificação dos seus serviços agravou sua situação financeira, e a perspetiva de recuperação, atualmente não passa de uma miragem.