Os rumores, mais ou menos confirmados, abundam. Muitos membros da UNITA de alto escalão estão contra Adalberto Costa Júnior. São secretários provinciais que o detestam, funcionários da rádio Despertar que são despedidos sem justa causa. Generais que sonham acordados, e há anos, com o lugar de Adalberto. Também se diz que a UNITA não tem quadros e não tem programa. Tudo isto pode ser verdade.
Haverá divisões internas graves na UNITA, haverá falta de dinheiro, alguns generais não gostam de dinheiro, funcionários e militantes são perseguidos.
No entanto, há uma realidade que se impõe. Todas esta divisões nada são face à incapacidade do governo em responder aos anseios do povo. E não falo da democracia, da liberdade de expressão-que existe, ou dos temas políticos que Adalberto traz para os seus comícios. Falo da economia, dos preços, do emprego, da falta de oportunidades, da manutenção de fumos de corrupção.
É isto que o povo sente: a má economia e a falta de resolução da corrupção-cada vez parece mais, que saíram uns e entraram outros.
E é isto que permitirá superar os desafios que a UNITA enfrenta. O povo não quer saber se X diz mal de ACJ ou se ACJ gasta em demasia em hotéis de Paris, ou se o general Y quer substituir ACJ. O povo quer ACJ no poder, com as suas falinhas enroladas, o seu aspecto de bom tio, o seu verbo fácil, porque, ele passou a simbolizar a esperança de vida melhor.
ACJ é só isto, o rosto da esperança da vida melhor, pelo que divisões e rumores não lhe tiram votos. Na verdade, é bem possível que um comediante mascarado de Adalberto ganhasse as eleições. O problema está no governo, é o governo que perde as eleições e não ACJ que ganha, este é apenas o símbolo em que o povo projecta a esperança.
Por isso, a estratégia do MPLA tem de ser pela positiva e pela boa governação. Como dizia Agostinho Neto (que não o fez), o MPLA tem de resolver os problemas do povo. É na melhoria de vida, na baixa de preços, no emprego, na crença que a corrupção está a terminar, que residem as possibilidades do MPLA, não em divisões da UNITA que são superadas pelo sentimento popular.