O Acelerador Africano de Fabrico de Vacinas “será um passo essencial para um verdadeiro mercado africano de vacinas”, afirmou o Presidente francês, Emmanuel Macron, na abertura da cimeira em Paris.
Três quartos deste financiamento virão da Europa, disse Macron na cimeira, que contou também com a presença dos líderes do Botswana, Ruanda, Senegal e Gana, bem como de ministros, grupos de saúde e empresas farmacêuticas.
A Alemanha contribuirá com 318 mil milhões de dólares para o projeto, afirmou o Chanceler alemão Olaf Scholz numa mensagem de vídeo.
A França contribuiu com 100 milhões de dólares e o Reino Unido com 60 milhões de dólares, enquanto outros doadores incluem os Estados Unidos, o Canadá, a Noruega, o Japão e a Fundação Gates.
O programa “pode tornar-se um catalisador para promover a indústria farmacêutica em África e fomentar a colaboração entre os Estados membros”, disse o Comissário da União Africana, Moussa Faki Mahamat, na cimeira. A África importa “99% das suas vacinas a um custo exorbitante”, acrescentou.
A pandemia de COVID-19 revelou a desigualdade na distribuição mundial de vacinas, uma vez que os países ricos, onde se situam as grandes empresas farmacêuticas, absorveram a maioria das doses, deixando África para trás.
O novo esquema visa transferir a produção de vacinas para África para dar mais soberania ao continente e evitar que a história se repita.
“Quando a próxima pandemia chegar, mesmo que os nossos líderes nos países ricos ocidentais sejam anjos, a pressão para manter as nossas próprias vacinas, para o nosso próprio povo, será sempre irresistível”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, na cimeira.
O recente ressurgimento da cólera em muitas partes de África realçou a necessidade de mais produtores locais de vacinas. Apenas uma empresa no mundo, a sul-coreana EuBiologics, produz as doses baratas e eficazes da vacina contra a doença mortal.
Macron apelou a que a cólera seja “relegada para o passado”, acrescentando que os surtos afectam atualmente “metade de África”. Macron anunciou o lançamento de uma cadeia de produção de vacinas contra a cólera em África pela empresa biofarmacêutica sul-africana Biovac.
Procura de 9 mil milhões de dólares
A aliança de vacinas Gavi, que ajuda a distribuir vacinas contra mais de 20 doenças diferentes aos países mais pobres, foi um dos organizadores do Fórum Global para a Soberania e Inovação das Vacinas.
No fórum, a Gavi anunciou que está a tentar angariar 9 mil milhões de dólares para financiar os seus programas de vacinas entre 2026 e 2030.
Os Estados Unidos contribuirão com 1,58 mil milhões de dólares para o esforço da Gavi, disse a primeira-dama Jill Biden numa mensagem de vídeo.
Por seu lado, o presidente da Gavi, José Manuel Durão Barroso, afirmou que “um milhão de crianças vacinadas desde 2000 é um feito incrível”.