Não se pode ignorar a morte, nem onde e como ela ocorre. A morte de vários nacionalistas angolanos fora do país tem um significado, que não se pode esconder.
Morrem em Portugal, morrem em Espanha. Lutaram pela independência, para irem morrer no antigo colonizador. Há aqui um símbolo. Não acreditam no país. E a sua morte torna-se o símbolo maior dessa descrença.
E se as elites, aqueles que lutaram pela independência não acreditam no país, o que deve fazer o povo?
Há aquele poema de Bertolt Brecht:
“Após a insurreição de 17 de Junho
O secretário da União dos Escritores
Fez distribuir panfletos na Alameda Estaline
Em que se lia que, por culpa sua,
O povo perdeu a confiança do governo
E só à custa de esforços redobrados
Poderá recuperá-la. Mas não seria
Mais simples para o governo
Dissolver o povo
E eleger outro?”
Em Angola é ao contrário. O mais simples é o povo dissolver as elites.
Se querem morrer em Portugal, se querem ter nacionalidade portuguesa, se a primeira coisa que fazem quando ganham algum dinheiro é comprar uma casa em Portugal, então devem ir para Portugal, ser portugueses, deixarem de ser as elites angolanas. Serem dissolvidas.
Não tem sentido homenagear quem renega a pátria, quem prefere morrer longe.
Dissolvam-se as elites!