Tudo parecia ter acalmado, depois da visita que o Presidente da República, João Lourenço (JLo), fez à China, em meados de Março. JLo regressou a Luanda visivelmente satisfeito com os resultados obtidos nas várias frentes diplomáticas, sabendo-se de antemão que haviam alguns dossiers mais delicados, como seja a tão propalada dívida, que atualmente se situa nos 18,4 mil milhões de dólares, que corresponde a 37 % do total da dívida angolana.
Contudo, como diria o outro, afinal nem tudo são ‘rosas’. Quem está familiarizado com as lides diplomáticas, sabe que a China nem sempre dá respostas diretas a determinadas situações ou em certos cenários. O ‘nim’ é sobejas vezes a palavra de ordem na política internacional chinesa.
Parece que, de certa forma, foi isso o que aconteceu nas últimas démarches efetuadas ao Presidente chinês, Xi Jinping, sem embargo, ao que consta, o líder do Império do Meio acabou por confrontar com ‘dureza’ algumas posições políticas do governo angolano.
Segundo fontes diplomáticas chinesas, Xi Jinping expressou o seu descontentamento em relação a algumas ações de JLo. O líder chinês criticou a abordagem de JLo em relação ao modelo de financiamento chinês, que utiliza o petróleo como garantia para o pagamento da dívida.
Além disso, Xi Jinping manifestou desagrado com a maneira como o Presidente angolano lidou com a questão da corrupção, em particular, por associá-la exclusivamente à figura de seu antecessor, José Eduardo dos Santos. Xi Jinping também elogiou a tentativa de José Eduardo dos Santos de aproveitar o financiamento chinês e a alta do preço do petróleo para fortalecer a classe empresarial angolana, e criticou a inclusão injusta de algumas empresas e investidores chineses no combate à corrupção.
Este encontro, em abono da verdade, acabou por revelar tensões entre os líderes angolanos e chineses, especialmente em relação a questões de financiamento e combate à corrupção. A manifestação de descontentamento de Xi Jinping em relação às ações de João Lourenço indica divergências significativas entre as partes.
Essas tensões podem ter implicações tanto para as relações entre os dois países quanto para a política interna em Angola.
Como se sabe, é fundamental haver um entendimento mútuo entre os líderes para promover a cooperação e o desenvolvimento.