É uma falácia pensar que o kwanza angolano está estabilizado e a sua paridade cambial face ao dólar norte-americano está quase parada, desde junho do ano passado.

O Banco Nacional de Angola (BNA) afirma que não há medidas administrativas para segurar o kwanza, e que a taxa de câmbio reflete a oferta e a procura no mercado cambial. No entanto, vários economistas discordam desta visão do banco central, argumentando que o câmbio praticado não reflete o verdadeiro funcionamento do mercado, e sugerem uma intervenção do BNA.

Apesar da estabilidade relativa do mercado desde junho de 2023, o kwanza nunca valeu tão pouco como hoje. A escassez de divisas no mercado e a oferta limitada de moeda estrangeira pelos bancos comerciais contribuíram para a pressão sobre o mercado cambial.

Além disso, a intervenção do Tesouro também influenciou o mercado, significando que existe uma procura contínua por divisas. A taxa de câmbio oficial manteve-se praticamente estável, apesar das pressões, levantando suspeitas de intervenção do BNA para evitar a contínua depreciação do kwanza.

Alguns economistas apontam que a taxa oficial estaria mais próxima da praticada no mercado paralelo, que está acima de 1000 Kz por dólar. Eles argumentam que a intervenção do BNA é evidente, mantendo a taxa de câmbio artificialmente baixa, especialmente quando Angola esteve em ano eleitoral.

Esta intervenção tem manifestado diferentes taxas de câmbio entre o mercado oficial e o mercado paralelo. A tensão entre a política cambial do BNA e a realidade do mercado é bem evidente. Não será melhor haver uma maior transparência e eficácia das medidas adoptadas pelo banco central e consequentemente, ‘regular’ o câmbio de outra forma?