O sector petrolífero é de longe aquele que contribui mais para a economia do país. Em relação a isto, não existe qualquer dúvida. Angola ainda depende do petróleo de uma forma que faz lembrar aquele dependente químico que não vive sem a sua dose diária.
Não obstante o discurso quase diário do Executivo angolano, de que o país precisa de diversificar a sua economia, os resultados palpáveis ainda são muito escassos, ou pelo menos pouco visíveis. Isso mesmo pode-se confirmar quando formos analisar os resultados do Investimento Direto Estrangeiro (IDE).
No sector não petrolífero, o IDE em Angola caiu 37% em 2023, chegando a 124 milhões USD, em comparação com os 197,6 milhões USD de 2022, o que reflete a piora do ambiente de investimento. A queda nas exportações, a crise cambial, a manutenção da pressão importadora e a falta de financiamentos internos e externos contribuíram para a diminuição do IDE. Além disso, a burocracia e a infraestrutura limitada também afetaram negativamente o investimento estrangeiro no país. Todos estes aspetos, para quem tem observado regularmente as notícias no país, não pode afirmar que se sente surpreendido.
Em 2023, apenas 1,5% do IDE foi destinado ao setor não petrolífero, em comparação com os 8,6% de 2018, mostrando a contínua dependência da economia angolana do petróleo. A situação macroeconómica instável, caracterizada pela queda do kwanza, aumento da inflação e falta de infraestrutura, gerou incertezas em relação ao retorno do investimento, desestimulando o investimento não petrolífero.
Além disso, a falta de competitividade do país também foi apontada como um fator que desencoraja investimentos, juntamente com um ambiente de negócios desafiador, incluindo variações da taxa de câmbio, mudanças nas regras sem aviso prévio e dificuldades no acesso ao crédito bancário.
Numa palavra, o que se verifica é mais do mesmo, e que observamos noutras áreas. A retórica do governo vai apontando numa determinada direção que toda a sociedade ambiciona, mas na prática, os resultados continuam desanimadores.