O ex-jogador de futebol brasileiro Dani Alves foi libertado sob fiança de 1 milhão de euros após recurso, anunciou um tribunal em Barcelona, Espanha.

Dani Alves, 40 anos, foi condenado por abuso sexual no mês passado e sentenciado a 4 anos e meio de prisão, dos quais já tinha cumprido mais de um ano.

A sua advogada, Inés Guardiola, contestou a sentença e, após uma audiência na terça-feira, Alves foi libertado enquanto se aguarda uma resolução final do recurso.

A libertação do ex-jogador está também dependente da entrega dos passaportes espanhol e brasileiro, da permanência em Espanha e da aceitação de visitas semanais ao tribunal.

O arguido tem ainda de cumprir uma ordem de restrição que o impede de se aproximar a menos de 1000 metros da vítima, da sua casa, do seu local de trabalho ou de qualquer outro local que se saiba que ela frequenta.

Todas as partes envolvidas – a defesa, a equipa jurídica da vítima e a acusação – têm três dias para recorrer desta decisão.

Ester García, a advogada da vítima, expressou o seu desapontamento com a decisão ao canal espanhol RAC1 depois de sair do tribunal.

“Estou muito insatisfeita com esta decisão”, disse. “Vamos apresentar um recurso porque acreditamos que não está de acordo com a lei.

“A justiça está a ser feita para os ricos. É escandaloso que libertem alguém porque podem receber um milhão de euros num instante”.

Na terça-feira, Guardiola argumentou que não havia risco de Alves fugir do país ou destruir provas, enquanto o antigo jogador do Barcelona apareceu através de uma ligação vídeo e insistiu que não era um risco de fuga e que estava preparado para entregar os seus passaportes.

A acusação, entretanto, exigiu uma pena de nove anos, queixando-se de que a condenação a 4 anos e meio de prisão em fevereiro não era suficiente para o crime cometido.

Dani Alves foi considerado culpado de ter agredido sexualmente uma mulher numa discoteca de Barcelona em 2022, após uma investigação de 13 meses – durante os quais Alves permaneceu em prisão preventiva – e um julgamento de três dias no mês passado.

Durante o julgamento, foram ouvidos os testemunhos da amiga e prima da vítima, do amigo de Alves com quem este estava na noite do crime, dos agentes da polícia que assistiram a mulher e de um psicólogo forense que a examinou.

A polícia disse que a vítima estava muito abalada e contou que tinha sido abusada sexualmente por Alves, enquanto o psicólogo testemunhou que ela estava a sofrer de sintomas pós-traumáticos, uma conclusão que foi contestada por um perito externo chamado pela defesa.

Entretanto, Dani Alves alegou sempre a sua inocência, mas mudou a sua história cinco vezes, acabando por dizer que teve efetivamente relações sexuais com a vítima, mas que mentiu para esconder a sua infidelidade à mulher. Mais tarde, acrescentou que estava embriagado.

Ao longo de uma carreira que durou mais de 20 anos, Dani Alves conquistou títulos importantes em clubes como Barça, Juventus e Paris Saint-Germain. Também ganhou a Copa América com o Brasil duas vezes e uma medalha de ouro olímpica aos 38 anos.

Em 2022, disputou o seu terceiro Campeonato do Mundo, o único título importante que não conquistou.

Jogou no Barça de 2008 a 2016 e voltou brevemente ao clube para uma segunda passagem em 2022, antes de se mudar para o México com o Pumas. O contrato de Alves com o clube mexicano foi rescindido imediatamente após a sua detenção.