No meio de uma guerra debilitante e de recursos cada vez mais escassos, o governo ucraniano está a embarcar numa ambiciosa ofensiva de charme em África. Promete mais cereais e investimentos para África, a abertura de novas embaixadas no continente e uma primeira visita histórica a África pelo Presidente Volodymyr Zelensky.

A Ucrânia está mergulhada num impasse debilitante na invasão russa que já custou a vida a pelo menos 31.000 soldados e mais de 10.000 civis.

Relatos da linha da frente no leste dizem que os russos estão a avançar contra um exército ucraniano cansado e com falta de munições e homens.

O Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Maksym Subkh, que é o representante da Ucrânia em África e no Médio Oriente, diz que a Ucrânia promete mais cereais e investimentos para o continente, além de uma série de novas embaixadas, à medida que procura mais apoio na sua luta contra a invasão russa.

Segundo ele, o seu país já enviou sete carregamentos de cereais para várias nações africanas. Planeia agora alargar as entregas de cereais a Moçambique, ao Malawi, à República Democrática do Congo e à Mauritânia.

Este mês, uma padaria em Nairobi transformou-se numa loja pop-up “Grain from Ukraine”, numa tentativa de mostrar uma “iniciativa humanitária que apoia vidas e o fornecimento de alimentos em toda a África”.

A iniciativa “Grain From Ukraine” foi fundada pelo Presidente Zelensky, em parceria com o Programa Alimentar Mundial, para contornar as barreiras colocadas ao sistema alimentar global pela invasão e bloqueio da Rússia.

Subkh afirma que a Ucrânia enviará cereais para os necessitados em África, independentemente da política. “Nunca utilizaremos os nossos cereais como arma; pelo contrário, a Rússia fá-lo”, afirma.

Segundo Subkh, numa altura em que a Ucrânia está a lutar para pagar a sua dispendiosa guerra contra a Rússia, planeia abrir pelo menos nove novas embaixadas no próximo ano, incluindo postos avançados no Ruanda, Moçambique, Botswana, RDC, Costa do Marfim, Gana, Mauritânia, Tanzânia e Sudão.

A Ucrânia também promete investir na agricultura em África. Subkh afirma que o seu país pode investir na criação de máquinas agrícolas, fábricas, fabricantes de fertilizantes e projetos de ciências agrícolas através de empresas comuns.

Além disso, convidou empresas de construção sul-africanas a deslocarem-se à Ucrânia para participarem na reconstrução do seu país devastado pela guerra.

Quando questionado sobre o facto de muitos dos líderes sul-africanos terem recebido formação em Moscovo e terem simpatias pela Rússia que remontam ao movimento contra o apartheid, Subkh respondeu: “Muitos heróis africanos da libertação, nos tempos da URSS, foram formados aqui mesmo na Ucrânia.”